A Destruição da Caverna

Há muito que trabalho numa caverna... Por aquí já passaram Mestres, Poetas, Escritores, Amigos, Amores, Técnicos, Músicos, Exitencialistas, Psicodélicos, Animais, Incensos, Músicas, Sons, Madrugadas, Fórmulas, Mentes Expandidas e Consciências Alteradas...

Aquí já fiz fumaça,  vi as sombras no mito, já andei por trás e fui também apenas sombra, conversei com o pó da estrada que brilhou nos meus olhos, contemplei a distância nas palavras, tive e plagiei idéias dentro das minhas limitações. Os sentimentos, as sensações, os temores, a revolta,
os delírios, os sonhos, as metas, isto tudo passa por aquí e acolá também... E dentro do próprio fim há o começo, o rumo das coisas que muitas vezes não têm rumo e também nem são coisas...

Pois bem, eis que é chegado o final, que encerra algo de muito tempo, mas que ao findar abre espaço para novas observações, vivências e possibilidades e como me disse um dia um grande Poeta amigo de verdade: Abrir o espaço para receber a Beleza... Da Caverna que se vai fica apenas o plano de fundo virtual, numa imagem capturada num instante e congelada para sempre... Sempre?


Edegar Ferreira

O Mito da caverna  



Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.
Platão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis, como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da caverna, que acaso se liberte, como Sócrates correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. Foi justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida a imaginar que as coisas se passassem, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna: ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.

Wikipédia

O Gabinete do Dr. Caligari - 1920 - Filme marco do Expressionismo Alemão

Num pequeno vilarejo na fronteira com a Holanda, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari (Werner Krauss), chega acompanhado do “sonâmbulo” Cesare (Conrad Veidit) que, supostamente, estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre, o Dr. Caligari: mortes.






Um marco do cinema. Inaugurou o movimento conhecido como “Expressionismo Alemão”, que durou de 1919 até 1924, mas influenciou gerações. É bem evidente o estilo do filme: ângulos irregulares nos cenários, formas esquisitas, desproporcionais, maquiagem forte, gestos exagerados por parte dos atores, expressões fortes, enfim, são características que deram ao cinema novas possibilidades, novos sentidos, um clima mais misterioso.
O filme é uma representação brilhante deste painel de sentimentos contraditórios
e terrificantes que envolveram a Alemanha após o término da 1ª Guerra Mundial.
O material básico que norteou a criação do roteiro foram as perturbadoras experiências do roteirista Carl Mayer com psiquiatras durante a guerra, pois declarou-se “mentalmente desarranjado” para não se alistar, uma vez que achava-a criminalmente insana, e o testemunho real do co-roteirista Hans Janowitz a respeito de um assassinato não resolvido de uma moça numa feira de variedades.
Antes de Caligari os cenários eram apenas um enfeite sem importância narrativa. Pintados em pano e madeira, criavam um clima onírico de pesadelo, colocando em prática a idéia expressionista de ultrapassar os limites de realidade, tornando-se expressão pura da subjetividade psicológica e emocional. Este filme mostrou que os cenários eram parte da linguagem do cinema e podiam ser usados para ajudar a contar a história
.
Além da cenografia aberrantemente linda, o diretor lança mão de conceitos então inovadores como as seqüências em “flashback”, e até insere efeitos especiais na cena em que Caligari é subjugado pela loucura.
Seu legado e sua influência correram o mundo e ajudaram a moldar o estilo de cineastas importantíssimos em todos os tempos, do mestre Alfred Hitchcock ao versátil Tim Burton, inclusive nas histórias em quadrinhos de terror.
É considerado o primeiro filme de terror


Por Sirius Black in blog Tela de Cinema