domingo, 19 de agosto de 2012

O Blefe






Incautos perversos andam a espreitar as suas presas.
Enquanto seus corações sujos batem, os seus olhos rebrilham sob luz do luar.
Quem irá se opor a este ataque súbito de pura desfaçatez e vilania?
Nesta tragédia anunciada o cinismo, de quem já sabia, faz parte do que outrora foi um sentimento de medo, acuador, aprisionador, que agora é liberto por uma outra face: o conformismo!
Nesta toada hipócrita se abrigam os mesmos que implantaram as mazelas, a miséria, a fome e a escravidão...
O preço é baixo, mas o custo é alto: desvelador, dá cor e forma, aromas e texturas trazendo á tona um gosto do saber que trava a boca e arranha a garganta como um caqui amarrento semeado com cacos de vidro!
Quem irá se opor a este ataque súbito de pura desfaçatez e vilania?
Quais as armas para este combate que serão eficazes no seu deslizar?
Armadura reluzente com elmo angular?
Espada e pavêz no seu aparato?
O peso da mente no livre pensar?
Fora o fardo da contrição no ato de renegar, a carne se despedaça cai por terra, de pó por pó, no pó a voltar.
A perda, do peso, que nos faz confrontantes na livre metáfora do desmaterializar, reduz a prisão de ossos, sangue, carnes e nervos a uma condição de grilhões rebentados, que antes choravam arrastados na caminhada sem par...
Então incautos perversos, por que os seus olhos brilham no blefe do jogo?
Já que a rede que jogam por cima assusta, mas não paralisa, e aqueles cúmplices medrosos e hipócritas, disfarçados, são na verdade apenas vítimas fatais feitas ao longo deste vasto caminhar...

Edegar Ferreira

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